sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Os dois mestres

Seus mestres


Zaratustra falou, mas não foi como relatou Nietzsche, esse é apenas um impostor mundano que não tinha muita certeza do que dizia e por isso assumiu pseudônimos. Em verdade, Zaratustra propôs um mundo binário, onde tudo se dividia em bom e mau, perfeito e imperfeito, criação e destruição. Uma forma muito fácil de ver o cosmos, dividir tudo em caixas indissolúveis e intocáveis, numa maneira meio sórdida de não se confundir e sempre poder culpar algo. Não me leve a mal, não estou aqui para criticar o profeta, mas não consigo ver as coisas como claras, talvez (e provavelmente, visto que não fui eu que não fui eu quem criou uma religião que perdura pelos séculos) quem esteja errado sou eu e tudo tenha resposta, só não é evidente as mentes simples. Há, no entanto, uma concepção que se alinha com os ideais do antigo filósofo na qual eu acreditaria sem muito pestanejo (até porque nenhum pestanejo é a base para a idiotice): existem dois mestres, o mestre cão e o mestre gato. O restelho são descendentes, ou mimados demais, ou mal tratados demais para uma opinião coerente.

Esses dois ensinadores se apresentariam naturalmente a você durante a vida. O grande mestre cão iria te ensinar como ser feliz e como essa é a finalidade da vida. Com certeza ele escreveria sobre como cada momento é único e necessário de apreciação e de completa contemplação. Aqueles que quisessem saber mais sobre essa filosofia tenra, até agradável, seriam ensinados por alguns alunos de mestre cachorro sobre o modo de vida e teriam os ensinamentos mais básicos sobre comportamento, como: não morda a mão que te afaga, tenha bons amigos, coma de tudo sem reclamações, queira ter as pessoas por perto, seja grato por tudo. Quem entendesse e vivesse isso seria levado a um outro local e ensinado pelo próprio mestre sobre a como tratar os outros ao seu redor. Professor cão diria a esses dedicados alunos como todo ser que existe é importante e que nossa função é fazê-los felizes. Somente ao abrirmos de mão da alegria nossa e buscarmos a dos indivíduos ao redor, alcançaríamos a nossa verdadeira felicidade. Aqui muitos desistiriam, porque são egoístas e aceitariam o bem-estar alheio com a condição do bem-estar interior. No entanto, não há quem desminta mestre cão, nem mesmo mestre gato, no máximo podem ignorá-lo, mas não rebatê-lo.

Em uma total discordância disso está mestre gato, sem escritos, sem uma filosofia organizada, falaria apenas quando tivesse vontade e quem quisesse escutá-lo. Inicialmente quebraria toda essa ideia de felicidade. Demonstraria cruelmente que isso é apenas um estado de ilusão induzido por prazeres repetidos. O indivíduo tem necessidades as quais ele deve saná-las da maneira mais simples possível, disse certa vez. Se sente fome, coma. Se sente frio, agasalhe-se. Se sente cansaço, durma. Se sente-se amedrontado, fuja, se quiser amar, ame. Para que tudo isso ocorra, utilize-se de quem está a sua volta, sem nunca depender realmente de alguém, pois todos falham, falharam e falharão, principalmente você, por isso não crie expectativas. Falaria sobre a importância de nunca baixar a guarda e estar sempre atento, em posição de destaque, porque alguém pode atacar-te sem motivo, mas também haveria aqueles que, apesar de serem arranhados várias e várias vezes, nunca sairia do seu lado, por isso não despreze ninguém. Nunca seja absoluto, nunca espere a eternidade, mas também não a descarte. Por essas e outras muitos acusarão mestre Felino de ser mau e de incentivar o individualismo e que todos se virem uns contra os outros para realizarem seus desejos, quando isso não é verdade, ele apenas fala para não se ater a regras sociais ou autoinduzidas que são estúpidas. Por isso ninguém poderá desmentir mestre gato, nem mesmo mestre cachorro.

No final, quem está certo? Você acha mesmo que tem dignidade para dizer quem está certo? Eu não me coloco neste lugar, acho que até temos alguém correto, ou os dois errados, mas tenho mais convicção em afirmar que as nossas ânsias em determinar o certo e errado do pensamento dos outros é muito mais uma vontade orgulhosa de se colocar como O Detentor do Conhecimento. Sem dúvida alguma, eles estão mais certos do que nós.



Como nota de esclarecimento, não quis determinar a personalidade dos animais com esse texto, apenas me apropriei de arquétipo que já está estabelecido para desenvolver o escrito. 

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