O título resumi tudo o que eu poderia afirmar para vocês aqui, então vou direto ao poema:
Dá-me asas para voar.
Já não mereço nada deste mundo,
nem ele merece algo de mim.
Dá-me e quem sabe eu voe
e esqueça este lugar.
Juro que não olharei para trás.
Juro que pegarei minhas lembranças
e jogarei nas entranhas da Terra
para que se reduzam ao nada,
boas ou ruins, não quero nenhuma delas.
Dá-me asas e, quem sabe,
eu voe tão rápido e ninguém me veja
e assim serei apenas um vulto,
não serei ninguém, um peso na consciência,
um detalhe estranho o qual não deveria estar ali.
Dá-me asas para respirar um ar mais leve.
Aqui os ventos são de chumbo
e as brisas de ácido.
Dá-me asas e tudo isso será passado,
talvez um passado triste,
mas será apenas passado.
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