É assim que eu inauguro o estilo narrativo aqui no blog, com um conto fantástico, não é minha especialidade, longe disto, mas o fiz e vocês mereciam lê-lo, vocês foram malcriados e não vão ganhar algo de melhor neste natal (brincadeirinha).
O espelho
Certa
feita, num reino longe até do pensamento dos homens, descobriu-se um
espelho
que, aparentemente mostrava como a alma das pessoas realmente era.
Logo que o boato chegou à corte, o rei ordenou que trouxessem
imediatamente o objeto para o palácio e assim testava a todos que se
achegassem à sua presença.
E
seguiu-se desta forma durante alguns anos, até que a princesa, uma
moça cujo pai achava um anjo, já crescida interessou-se pela peça
de prata mágica e foi admirar-se, no mesmo instante, ela sentiu-se
tão tocada pelo reflexo que decidiu levar o espelho ao seu quarto e
olhava-se o tempo inteiro.
Durante
semanas o mesmo ritual, todas as manhãs, horas em frente ao espelho.
Em pouco tempo a bela dama já não comia, muito menos saia de seus
aposentos, sempre encarando-se. Um dia, o soberano, preocupado com a
saúde da filha, resolveu observar a situação de perto. Ao abrir
uma fresta na porta do quarto teve um grande susto, alguém havia
invadido os aposentos de sua querida filhinha, pois percebeu um
demônio horroroso olhando o espelho meio tosco.
Alguém
tão ruim deveria ser extinto da face da terra, devaneou o rei. Não
havia tempo para chamar um guarda, então, juntou um pouco de
coragem, apertou forte a empunhadura da espada e entrou
sorrateiramente no cômodo. Quando aproximou-se o suficiente,
enterrou a arma na coluna daquele ser maligno que soutou um berro
horrendo e, ao cair, revelou-se sua linda filha.
O
pobre rei, transtornado pelos acontecimentos e ainda mais pela
verdadeira identidade da falecida princesa, mandou chamar o criador
da peça maldita. Apareceu-lhe um druida, barbudo, com um chapéu
esquisito e tremendo de medo. Então
o monarca mandou que todos saíssem, ajoelhou-se, contou-lhe a
história e perguntou, com lágrimas nos olhos por que a filha havia
gostado tanto do que viu e se quer tentou mudar. O mago em tom tão
temeroso quanto respeitoso respondeu-lhe que algumas pessoas são tão
ruins que até gostam de serem más.
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