terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O espelho

É assim que eu inauguro o estilo narrativo aqui no blog, com um conto fantástico, não é minha especialidade, longe disto, mas o fiz e vocês mereciam lê-lo, vocês foram malcriados e não vão ganhar algo de melhor neste natal (brincadeirinha).


                                    O espelho



Certa feita, num reino longe até do pensamento dos homens, descobriu-se um espelho que, aparentemente mostrava como a alma das pessoas realmente era. Logo que o boato chegou à corte, o rei ordenou que trouxessem imediatamente o objeto para o palácio e assim testava a todos que se achegassem à sua presença.
E seguiu-se desta forma durante alguns anos, até que a princesa, uma moça cujo pai achava um anjo, já crescida interessou-se pela peça de prata mágica e foi admirar-se, no mesmo instante, ela sentiu-se tão tocada pelo reflexo que decidiu levar o espelho ao seu quarto e olhava-se o tempo inteiro.
Durante semanas o mesmo ritual, todas as manhãs, horas em frente ao espelho. Em pouco tempo a bela dama já não comia, muito menos saia de seus aposentos, sempre encarando-se. Um dia, o soberano, preocupado com a saúde da filha, resolveu observar a situação de perto. Ao abrir uma fresta na porta do quarto teve um grande susto, alguém havia invadido os aposentos de sua querida filhinha, pois percebeu um demônio horroroso olhando o espelho meio tosco.
Alguém tão ruim deveria ser extinto da face da terra, devaneou o rei. Não havia tempo para chamar um guarda, então, juntou um pouco de coragem, apertou forte a empunhadura da espada e entrou sorrateiramente no cômodo. Quando aproximou-se o suficiente, enterrou a arma na coluna daquele ser maligno que soutou um berro horrendo e, ao cair, revelou-se sua linda filha.
O pobre rei, transtornado pelos acontecimentos e ainda mais pela verdadeira identidade da falecida princesa, mandou chamar o criador da peça maldita. Apareceu-lhe um druida, barbudo, com um chapéu esquisito e tremendo de medo. Então o monarca mandou que todos saíssem, ajoelhou-se, contou-lhe a história e perguntou, com lágrimas nos olhos por que a filha havia gostado tanto do que viu e se quer tentou mudar. O mago em tom tão temeroso quanto respeitoso respondeu-lhe que algumas pessoas são tão ruins que até gostam de serem más.


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